E eu retorno a utilização deste espaço com o melhor dos assuntos "Aprendizado". E não poderia ter escolhido pessoa melhor, para falar sobre tecnologias e aprendizado, que a Prof.ª Sandra Helena, Mestre em Linguística.
Aproveitem a leitura.
Abraço,
Paloma Mendes
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COM O SMARTPHONE TAMBÉM SE APRENDE - MOBILE LEARNING
Sandra Helena Andrade
O smartphone
está sendo cada vez mais utilizado para fins educacionais, transformando-se em
um promissor recurso para apoiar a aprendizagem, embora não tenha sido
empregado exclusivamente como ferramenta pedagógica. Muitas
pesquisas apontam as possibilidades de uso de dispositivos móveis como recurso
pedagógico no interior da sala de aula e como extensão da aprendizagem fora
dela, com resultados animadores alcançados por muitos pesquisadores.
Como
os jovens, na maior parte do tempo, levam consigo aparelhos móveis, a
aprendizagem pode ocorrer em momentos e locais que antes não eram propícios à
educação. Lévy (2011, p. 22) destaca a impossibilidade de separação do humano
de seu ambiente material, já que, “as tecnologias são produto de uma sociedade
e de uma cultura”. Por essa razão, tecnologias como smartphones já fazem parte
do cotidiano daqueles jovens.
No Brasil, a proliferação da telefonia móvel tem aumentado nos
últimos anos. Conforme dados divulgados pela Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL)[1], o Brasil já ultrapassou a
marca de um celular por habitante, observa-se que já
no final de 2010, havia mais assinaturas de linha móvel que habitantes. Os dados
da Anatel indicam que o país terminou o mês de maio de 2015 com 284,15 milhões
de celulares.
Ano
|
Acessos ao Serviço Móvel
Pessoal (SMP)
|
Teledensidade
Acesso por 100 habitantes
|
2010
|
169.385.584
|
101,02
|
2011
|
196.929.978
|
124,26
|
2012
|
261.807.903
|
132,79
|
2013
|
263.043.328
|
133,25
|
2014
|
280.731.936
|
138,00
|
até maio de 2015
|
284, 154.618
|
139,16
|
A
pesquisa Juventude Conectada[2], publicada em
agosto de 2014, foi idealizada e coordenada pela Fundação Telefônica Vivo e
realizada em parceria com o Núcleo das Novas Tecnologias da Comunicação
Aplicadas à Educação Escola do Futuro - USP, o IBOPE Inteligência e o Instituto
Paulo Montenegro. Ela teve como objetivo “[...] entender o
comportamento do jovem na era digital e as transformações e oportunidades
geradas a partir da conexão
[...]” (2014, p. 7). A pesquisa entrevistou 1.440 jovens, entre 16 e 24 anos, e
explorou quatro grandes temas: empreendedorismo, ativismo, educação e
comportamento.
Os
dados levantados por essa pesquisa merecem reflexão, pois apontam que 71% dos jovens utilizam o celular para
acessar a internet, sendo que esse acesso ocorre continuamente, várias vezes ao
dia. Entre as principais atividades realizadas online, a campeã é o acesso às
redes sociais (58%). De acordo com a pesquisa, é mais fácil comunicar-se com a
geração Y pelas redes ou por mensagens instantâneas (45%) do que por e-mail, já
que apenas 35% ainda fazem uso deste meio de comunicação.
A pesquisa ainda destaca que, em
relação à educação e à aprendizagem, as
novas tecnologias digitais e as práticas pedagógicas decorrentes de sua
incorporação em sala de aula, na realização de pesquisas
e de tarefas modificarão de maneira significativa as
relações entre professores, alunos e escola. (2014). Corroboramos
com essa conclusão, no entanto acrescentamos que essa modificação significativa
já está ocorrendo.
A
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),
antevendo esses impactos, vem promovendo, desde 2011,
em parceria com a Nokia, a “Mobile
Learning Week - MLW”[3], Semana da
Aprendizagem Móvel, cujo objetivo é discutir projetos e pesquisas finalizadas
ou em andamento que relatem resultados sobre como utilizar dispositivos móveis
para incrementar a educação e como tais dispositivos poderiam
ser usados para ajudar a alcançar o maior número de pessoas. Em
2013, a segunda edição da Mobile Learning Week gerou o Guia de Políticas
Públicas para a Mobile Learning da Unesco, que apresenta diretrizes de
políticas para a aprendizagem móvel, definindo-a como: “o uso de tecnologias
móveis, isoladamente ou em combinação com outras tecnologias de informação e
comunicação (TIC), a fim de permitir a aprendizagem a qualquer hora e em
qualquer lugar.” (2014, p.08).
As
diretrizes da Unesco reconhecem que as tecnologias móveis, por serem portáteis e relativamente baratas, ampliaram
enormemente o potencial e a viabilidade da aprendizagem personalizada, podendo romper paradigmas pedagógicos tradicionais.
Além disso, tal tecnologia torna-se capaz de melhor individualizar a
aprendizagem (UNESCO, 2014). Sendo essa orientação derivada de um órgão
internacional especializado em políticas educacionais, os educadores, de um
modo geral, precisam refletir sobre a utilização da tecnologia móvel em sua
prática pedagógica.
As políticas da UNESCO para a aprendizagem móvel afirmam que esses dispositivos de
comunicação podem ampliar e enriquecer oportunidades educacionais para
estudantes em diversos ambientes. Os smartphones, representantes
dessa ferramenta educacional, são utilizados por alunos e educadores em todo o
mundo para acessar, armazenar e compartilhar informações, além de facilitar a
aprendizagem de maneira inovadora, transformando os tempos e as formas
tradicionais de nos relacionarmos com a aprendizagem (UNESCO, 2014, p.14).
A pesquisa Juventude
Conectada (2014, p.218) conclui que, com relação ao papel que a internet exerce
no campo da Educação, os jovens conectados
que manifestam aproveitar amplamente o potencial da internet para sua formação
e desenvolvimento pessoal e profissional ainda é reduzido (apenas 9%), por
outro lado, a grande maioria (67%) reconhece as contribuições que esta pode
trazer nessa área. Esses percentuais de resposta mostram a expectativa dos
alunos para fazer uso dessas tecnologias em sua formação, assim como apontam
para a necessidade do professor conhecer
melhor e explorar as possibilidades educacionais das TIC.
Os dados da pesquisa
também nos faz observar que novas práticas pedagógicas irão
exigir que professores e escolas passem a refletir criticamente sobre as
relações entre os conteúdos aprendidos
apoiados nas ferramentas digitais e a sua efetiva apreensão, a partir da
aplicabilidade prática na realidade vivida pelo aluno (2014, p.206).
Um dos maiores benefícios trazidos pelas
tecnologias de comunicação está na prática de compartilhar informações com
pessoas mesmo à distância, democratizando conhecimentos de forma rápida e
envolvente. A escola poderia aproveitar desses benefícios e canalizá-los para a
aprendizagem mais participativa e colaborativa.
O
campo de pesquisa que investiga a utilização de tecnologias móveis para a
aprendizagem é definido como mobile learning ou m-learning (aprendizagem com
dispositivos móveis). Esse campo estuda como os dispositivos móveis podem
contribuir para o processo de aquisição de novos conhecimentos, habilidades e
experiências (BATISTA, 2011).
Assim, parece urgente a
inclusão das TIC na educação como possibilidade de transformação dos processos
de ensino-aprendizagem, podendo contar com o apoio do smartphone, como
ferramenta pedagógica.
REFERÊNCIAS
Batista, S. C. F. (2011). M-LearnMat: Modelo Pedagógico para
Atividades de M- learning em Matemática. Tese (doutorado em Informática na
Educação). Porto Alegre, RS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Brasil, (2011-2020). MEC: Plano
Nacional de Educação. Disponível em
Acesso em: 20/06/ 2015.
______. (1998).Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF.
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF.
Juventude Conectada / organização Fundação
Telefônica. São Paulo: Fundação Telefônica, 2014. Disponível em <http://www.fundacaotelefonica.org.br/conteudos/publicacoes/Detalhe.aspx?.> Acesso em: 05/07/2015.
Lévy, P.(2011). Cibercultura. Tradução:
Carlos Irineu da Costa. São Paulo, Editora 34.
[3] Disponível
em :<https://en.unesco.org/events/mobile-learning-week-2014>.
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